hoje eu queria escrever sobre as coisas que eu não consigo falar e descrever cada um dos sentimentos que eu não consigo mais demonstrar. eu queria falar de amor ao próximo, abraços ótimos, de um mar de olhares que eu nunca transformei em nada. nunca. nada. hoje eu queria usar palavras eternas pra dizer que dois e dois só são quatro na matemática e que todas as outras disciplinas são indisciplinadas pra somar. hoje eu queria escrever de paz, de sossego e de tudo que faz tempo que eu não consigo sentir e já não sei mais como buscar.
hoje eu queria atravessar na frente do carro e sentir o vento bater no cabelo e conhecer a sensação de ouvi-lo dizer: “foi por pouco” e depois escrever sobre o segundo exato em que tive certeza de que iria sobreviver. hoje eu queria sobreviver. e escrever sobre a sensação de estar viva. hoje eu queria escrever sobre reviver os dias, sobre cantar fora de hora e lugar e me sentir num karaokê saindo da estação do metrô. hoje eu queria escrever sobre yoga, pilates, meditação, ahayuaska, natação e todas as coisas que a gente nunca faz.
hoje quando eu acordei eu pensei sobre a falta. e desde então a vida me tirou o fôlego necessário pra completar a frase que eu comecei a escrever pra dizer o que hoje eu acordei pra dizer. e só me sobrou a falta. e nunca consigo dizer nada. nunca. nada. palavras eternas sem razão. toda força do mundo no vazio do sem porquê.
hoje eu queria escrever. quem sabe amanhã.
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