talheres
são paulo uma vez me disse
numa manhã dessas quaisquer
quando se acorda no horário,
toma café sem pressa,
se lembra do que precisava se lembrar,
pega o ônibus com o motorista certo,
consegue um apoio para as lombadas
e chega-se no metrô ainda em tempo,
numa dessas manhãs,
são paulo disse que iria me engolir.
de primeira, não entendi.
segui o rumo,
entrei no vagão que me deixa mais perto das escadas,
andei pelos corredores,
peguei os atalhos diários,
subi as escadarias
e desci as mesmas escadarias
no caminho de volta pra casa
depois de deixar escorrer as horas
por entre meus dedos
enquanto, a cada minuto que passava,
eu sentia na flor da pele
o garfo e a faca
na mão da cidade
que pelo menos teve a decência de alertar
o que iria fazer comigo.
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