algo me diz que eu deveria entender os porquês todos
e enumerá-los
que quando o negócio pega fogo
a gente tem que saber
que se tem que ter de novo,
se é pra repetir,
se é pra comer com dez talheres,
tem que entender.
mas não entendo não.
não entendi
desde o primeiro momento.
não entendi como você conseguiu
me comer com os olhos d’um jeito
que até lilly braun duvidaria.
nem consegui sacar
o que tava acontecendo pro corpo todo estremecer num ritmo só.
nem entendi,
nem tentei
o que era que tava acontecendo
com os pelos do meu corpo
que arrepiaram-se todos de uma só vez
e uniram-se os braços,
coxas
e costas
num açoite só de você.
não entendi o que a sua boca fez.
não entendi o poder da língua,
por mais que eu
tantas,
tanto,
tontas.
não entendi o que aconteceu
com o tempo
que não deixou a vontade passar
e com a energia eletrizante
que ainda caminha pelos meus poros
só de imaginar não entender nada disso de novo.
não entendi nada da primeira vez,
entendi menos coisas ainda da segunda
e cada vez que o seu corpo encosta no meu,
por descuido
vontade
apego
hábito
intenção,
me desentendo.
entendo menos você.
entendo menos vontade.
entendo menos.
entendi menos.
não me esforcei.
entreguei. deixei.
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