a gente sabe muito bem como funciona. escolhe fingir que não, mas não dá pra fugir: a vida só é o que é. não tem grandes emoções, nem um grande apelo no final: é 1 mais 1 que soma 2 e nenhuma boa fé vai fazer dar 11. aliás, Sérgio Vaz diria: viver é foda. o resto é poesia.
até essa frase que, sem querer, rimou. é só coincidência. não existe uma motivação externa ou qualquer intenção da escritora, que bate nas teclas com um pouco mais de força que o necessário, de fazer soar melhor. a vida não é feita pra soar bem, a vida não é feita pra ter flores nas pedras. adélia odeia olhar pra pedra e ver pedra. adélia, minha querida: é uma pedra. qualquer outra coisa é sorte. coincidência positiva. às vezes, aparece uma flor. às vezes, elas nascem. é a natureza. há quem admire, há quem ignore, há quem escolha poetizar. verbalizo, sempre.
a vida como verbo de ação é o meu ponto de partida. o problema, veja só, é que a gente raramente chega em algum lugar. qualquer que seja. em geral, a gente não sai de onde tá. sobe de cargo, muda de emprego, vai pra mais longe, assiste um show, ouve um som, pinta, escreve, transa, canta, bebe mais que deveria, fuma mais do que deveria, se enfia em buracos que não deveria. e a vida te mantém sempre lá: aqui, a priori. intacta. estática. empática, por escolha, quem quiser. escolhas, coincidências, reticências. a vivência é só o impacto do tanto faz nas ações de quem sempre faz. o resto é poesia. tem que fazer. alguma coisa. qualquer coisa. ou não fazer. mas lidar, sempre lidar. com a vida sendo o que é – e só o que é. o que você está fazendo?
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