você quer mesmo? ou só quer reclamar que não tem?

é muito foda quando a gente olha pra gente que a gente admira e percebe: puta merda, que pessoa preguiçosa do caralho. e assim, vamo lá: ninguém acorda todo dia com o pique do flávio augusto pra mudar o mundo e construir uma sociedade baseada em empreendedorismo renovador. ninguém tem esse saco todo dia – só quem tá nos high stakes do gabriel goffi. risos. caso contrário, bicho, não tem ser humano capaz de ter vontade de criar coisa o tempo todo. sejamos honestos: quem você acha que vai conseguir construir qualquer coisa sem ter o mínimo de vontade de fazer alguma coisa?

vou falar a real: ninguém chega em lugar algum sem se foder um pouquinho. e falo isso por mim. tem muita gente que olha pra vida que eu levo hoje (que tá muito longe de ser a vida dos sonhos de alguém que não foi pobre durante a vida) e pensa que eu conquistei tudo isso e agora tô na vida boa e sorrindo. isso, porque eu vim de um lugar muito abaixo disso tudo, onde pagar as contas já era luxo e estar feliz não acontecia com frequência. e aí, quem vê de fora, acha que atingi o suprassumo da alegria. ninguém perguntou como foi que construí o caminho até aqui. mas eu respondo mesmo assim: foi foda. e ainda é. não raro eu tô aí, madrugada adentro e dia afora, trabalhando sem parar um segundo sequer. hoje é domingo e eu tô aqui, parando uma horinha pra escrever esse texto, mas trabalhando desde a hora que eu acordei. minha namorada tá na cozinha sozinha pensando em algo pra gente comer e eu não tô ajudando porque preciso trabalhar mais um pouquinho pra cumprir a pauta.

você tá disposto a abrir mão de um domingo? eu não. mas, hoje, não tem outro jeito. não se eu quiser chegar onde eu quero. e é mais ou menos esse o ponto: você não vai chegar lá se não passar por aqui. é foda, sim, e enche o saco, sim. dói pra cacete se você vem de baixo e quer subir. não tem espaço em cima pra quem tá embaixo, você tem que cortar mata virgem e ir conquistando esse lugar mesmo sem que ninguém te queira ali. e vai ficar com machucado exposto e corte aberto até que ninguém que já tá lá tenha alternativa senão abrir a roda pra você entrar.

e até lá, minhas queridas e meus queridos, tem muito chão e muito arroz com feijão pra comer com farinha. pobre não tem tempo pra descansar e nem oportunidade de deixar nada pra depois. é tudo duas vezes mais difícil pra quem é pobre. então tem que ralar, tem que se mexer e fazer o 7×1 virar história pra boi dormir. não é papo de meritocracia, não. é papo de preguiça. não precisa nem de palavra bonita e politizada: não tem espaço no mundo de gente grande pra quem tem preguiça de trabalhar. tem que ter vontade. seja pra vender pão, seja pra vender brigadeiro na faculdade, seja pra entrar num trampo daora, seja pra ser youtuber, seja pra ser qualquer coisa. tem que saber falar, tem que aprender a escrever, tem que saber ter jogo de cintura e se fazer (re)conhecido. e isso só acontece se você tira a bunda do sofá e vai se fuder um pouquinho no mundo real. e o mundo real não é legal, não, mas é muito bom olhar pra trás e ver que a gente tá ficando cada vez mais longe daquele sofá confortável de onde exatamente zero pessoas conseguiram mudar qualquer coisa. às vezes, a preguiça é tanta que não se muda nem o canal da tv.

mas pode crer: quando assistirem você láááá na frente, vão dizer que foi sorte.


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