estranhamente, acho que esse texto precisa de uma introdução. eu trabalhava em uma empresa onde, vira e mexe, o ar condicionado quebrava. o ar condicionado também não tinha um controle central e, por isso, era mexido todo dia pelas pessoas que, como em todo lugar, brigavam entre si pela temperatura ideal. isso é comum. a questão é que, nesse dia em que esse texto foi escrito, eu perdi o acesso à minha conta do twitter. fiquei inativa por pelo menos catorze meses. a conta já tinha muitos anos de vida, foi criada antes dos meus 13 anos (a razão pela qual eu fui banida durante uma varredura e pente fino do twitter para confirmar a idade dos usuários) e eu tinha muita coisa guardada lá. na época, eu usava a rede social do jeito certo e vivia twittando sobre toda e qualquer coisa. no primeiro dia, tive a ideia de escrever tudo no mesmo texto, como num fluxo de consciência, o que eu postaria no twitter em situações normais. nunca tinha lido, desde que escrevi. gosto do resultado e resolvi dividir. pronto. agora vai.
“o ar condicionado da sala de reunião quebrou e tá muito quente aqui. eu comi muito, muito mais do que deveria. sabe o executivo do boteco da esquina? comi inteiro com duas porções de feijão, uma eu roubei do meu amigo que pediu uma carne de panela e achou que não combinava – eu acho que combina. feijão sempre combina com arroz e outros molhos. até com estrogonofe. desculpa, sociedade. voltei do almoço com tanta comida no estômago que não consegui acender um cigarro na volta pro escritório. cheguei querendo fumar um cigarro. tá muito quente aqui. será que, se eu acender um cigarro aqui, vai pegar fogo em tudo? espero que não. afudê é do caralho. ficou tudo do caralho. depois de tanto tempo de trabalho, muito, muito trabalho, deu tudo certo. afudê. quando respondem kkk pra não bater em você: acho engraçado. kkk. o bruno bandido escreve risadas do mesmo jeito desde 2009. sei disso porque tava lendo os textos dele de 2009. hah. ele ri assim. três letrinhas. acho quase escroto. kkk. alguém conserta o ar condicionado, pelo amor de deus? a vida é uma merda e de vez em quando, quando você vai atravessar a rua, o sinal abre. hoje é dia do escritor e eu terminei de ler o livro do vitor. o martins. tá calor. queria fumar um cigarro. eu gosto do meu isqueiro novo. meu nariz tá muito entupido. esse tempo tá uma merda, tô doente de novo. consertaram o ar condicionado. tô apaixonada de novo pela jade baraldo. queria estar assim com a menina que eu gosto. não apaixonada. apaixonada eu tô.”
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