a gente sempre quer uma vida extraordinária esperando pela gente logo ali na próxima porta a ser aberta. eu quero, pelo menos. mais que a sorte de um amor tranquilo. e até parece que, um dia, vai rolar. quando a maré está boa, a sensação que dá é que a gente tá indo muito bem e que as coisas vão se resolver. quando não tá, a gente sente que o mundo inteiro vai desabar na nossa cabeça e a gente não vai poder fazer nada pra mudar.
já passei pelas duas coisas muitas vezes. questionei minha sanidade, minha capacidade, minha competência, meu caráter e minhas decisões em inúmeras situações diferentes. geralmente, em decorrência do excesso de confiança aplicada em alguém que, a gente sempre acaba descobrindo, não merecia. por outro lado, me senti segura, confiante, forte, absurdamente capaz, lindíssima: boa companhia, boa de copo, boa de papo e boa de cama, como cantam bruna caram e roberta sá.
tem muita coisa que não dá pra ignorar. a vida, você sabe, dá umas rasteiras na gente meio fora de hora e a gente não tem tempo de raciocinar. age no impulso. fala o que não devia. deixa de falar um tanto. deixa falarem o que não poderia. ouve o que jamais deve ser dito por ninguém: acredita, absorve. acontece. gente sente tudo: gente não pensa muito. deveria. poderia. eu agradeceria.
a gente aprende a relevar. ignorar. deixar lá. um buraco no assoalho, um monte de poeira em cima de um tapete caro. e vai embora. porque o tempo passa e a gente aprende a ir. a gente sai da casa, a gente sai de quem a gente era e vai pra outro lugar com quem a gente descobre que é. com outras pessoas, com outras conversas, contextos, cenários. com outras histórias.
e torce pra que a vida se torne, um pouco de cada vez, extraordinária. torce pra que renda boas histórias. torce pra que sempre tenha alguém que mereça ouvir. e pra ter pique pra descobrir quem.
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