eu andava pela rua ignorando a mim mesma
encontrando poemas mentais
no vão das calçadas
mas o caminho era curto
eu nunca tinha tempo de decorar
e deixava o poema lá
no dia seguinte
quando passava pelo mesmo vão
o poema estava lá
(pelado, cruzado, roubado)
eu procurava novos espaços no chão
onde as palavras certas estariam escondidas
quem foi que mexeu nas palavras que deixei aqui?,
e sussurrava pra não esquecer a ordem:
“eu nunca sigo pelo caminho
que sei que você pode passar
mas você sempre passa pelo caminho
que eu sigo sem pensar”
faz tempo que não acho as palavras
faz tempo que não procuro caminhos
faz tempo que não passo no vão
faz tempo que não ando na rua
nunca mais encontro poema
nunca mais encontro ninguém
mas assim como antes
não me procuro
tenho medo de me achar
(pelada, cruzada, roubada)
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