eu sempre dou esse conselho pras pessoas que trabalham comigo: erre em público. tem algo mágico em poder dar uma ideia ruim e vê-la se transformar em algo bom pela defesa do outro e pela ideia que o outro tem a partir da sua. o processo criativo não é linear. ele pede repertório, conexões diversas, pontos de vista distintos. e o processo criativo pede uma coisa que, pra errar em público, a gente tem que ter: espaço.
não é todo lugar que gosta de erro. tem gestor que faltou na aula de proposição pra assistir o seminário da destruição. se esse for o caso, saia correndo pra bem longe. procure outro emprego. desista. faz bem. se não for o caso, se jogue. tem gente que gosta de ouvir as ideias do jeito que elas vêm, sem filtro, com contradições embasadas em um mundo confuso. e, se o mundo é confuso, os criativos têm o poder de organizá-lo e reapresentá-lo pras pessoas por um outro olhar. o poder de contar uma nova história a partir do que é comum, conhecido, próximo da gente.
pra fazer isso, a gente tem que ter coragem de encarar a própria história e encontrar aquilo que só a gente pode contar sobre aquele assunto. numa mesa cheia de gente com vivências distintas, errar em público é a melhor coisa que a gente pode fazer. nossas experiências não são absolutas, mas podem ser complementares pra uma marca chegar a novos destinos.
eu acredito numa criação que permite erros públicos. que permite o diálogo: isso aqui não tá legal, vamo melhorar? acredito numa liderança que senta no chão, estica o papel A3 e escreve à mão o que lhe vem a cabeça. mesmo que seja um erro. mesmo que seja um board do Miro, em tempos remotos. mesmo que seja só um chute. acredito em análise, busca, troca, elaboração de hipótese, pensamento criativo, erro, erro, erro erro.
talvez esse texto seja um erro. pode ser. mas aí eu vou querer saber o porquê pra errar em outra coisa da próxima vez.
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