eu tô lendo um monte de poesia por causa do desafio. acordo lendo poesia (coisa que sempre fiz) e, sempre que tenho cinco minutinhos, vou folhear algum livro da estante pra ir adiantando os próximos dias. é fato que esse exercício tem me deixado muito mais criativa e tenho escrito mais.
hoje, domingo de páscoa, passei o dia no sofá com o computador do colo. escrevi alguns contos curtos pra um projeto de livro novo que estou trabalhando nesse último ano. a ideia é contar as histórias de doze mulheres, cada uma com sua voz. também tem uma 13ª, bônus, que não conta a própria história, mas contam sua história para ela.
essa 13ª história é da fernanda. a fernanda é uma personagem que eu venho escrevendo desde mais ou menos 2014. ela nasceu em primeiro lugar como um detalhe no roteiro de uma história que tinha 20 anos de duração. ela era um detalhe. de repente, se tornou o pivô de uma discussão. de repente, se tornou a discussão. de repente, virou a história. ela tem a leveza de quem sabe dançar e o veneno de quem sabe do que o outro é capaz.
essa personagem já me tirou o sono muitas noites. já me enjoei dela. já cansei da sua voz, sempre precisa, com a língua afiada e pouco sentimento. mas hoje eu tava afim de falar sobre ela. hoje eu tava afim de contar a vez que ela passou na frente do bar e viu a rita com o rick e pensou que eles eram alcoólatras. hoje eu tava afim de contar de como ela decidiu ignorar isso e investir mesmo assim.
existem personagens que tomam conta do nosso tempo criativo – e a fernanda é uma delas. hoje eu ouvi a fernanda sussurrar no meu ouvido por meio de mario quintana, bukowski e caio fernando abreu. eu não sou fiel literariamente falando. na vida, sou até demais.
tenho sido fiel ao desafio. amanhã já é o décimo dia. é só fazer tudo o que eu fiz mais noventa vezes. se eu continuar escrevendo desse jeito, talvez o livro saia ainda esse ano. vai dar certo. tem que dar certo.
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