é engraçado porque todo mundo fala que eu sou muito workaholic. e eu de fato sou. e não me orgulho disso. mas sou. cresci numa casa em que meus pais discutiam vendas e compras na mesa do almoço. os funcionários dos meus pais passavam por dentro do meu quarto pra chegar no escritório todos os dias de manhã. eu trabalhei pros meus pais desde adolescente. sempre aprendi que o trabalho é que dignifica o ser humano.
mas a verdade é que eu gosto muito de ficar fazendo nada. eu e a mariana, minha amiga de colégio com quem eu compartilho o amor por maria rita e por atividades que envolvam poucos movimentos, temos um rolê perfeito: “miga, vamo fazer vários nada?” e aí a gente se encontra e fica no sofá zappeando alguma coisa no youtube, ouvindo música, contando uma fofoca ou outra, aproveitando o silêncio.
poucas coisas são mais prazerosas do que isso. poucas coisas são mais importantes e impactantes (positivamente, por favor) do que você parar e aproveitar o momento.
desde que comecei a morar sozinha, eu tenho feito isso diariamente. passo quase o dia todo na câmera do google meets – se não em reunião, conversando com amigos. mas, antes de dormir, eu sempre preciso de um momento depois do banho jogada no sofá em que vou ler alguma coisa, ouvir uma música ou só ficar ali olhando pra tela do celular.
eu preciso de um momento em que eu não preciso dar conta de nada.
e, quando você é uma pessoa tida como workaholic dessas que dão conta de tudo, isso se torna ainda mais importante. quer dizer, eu acho, pelo menos. uma vez por dia eu estou determinada a ser apenas eu. que não precisa aparecer na câmera, que não tem que dar a resposta certa, que não vai falar a coisa errada na hora errada. que não vai perguntar demais.
eu posso só estar ali. e ficar.
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