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betinha

  • Foto do escritor: Gi Marques
    Gi Marques
  • 6 de mar.
  • 2 min de leitura


minhas tias tios prima e meu pai sempre me contam que minha avó era osso duro de roer que ela tacava tesoura de longe pra machucar ela falava o que tinha que falar mas ela era aquela mãe que cuidava do ninho aquela mãe que falava meu filho é um safado mas só eu posso falar isso uma mãe que enchia a boca pra defender seus filhos ela era ruim de prato mas era boa de papo ela fazia cachos no meu cabelo com o pente fino e me dava leite condensado com nescau pra comer direto da lata era tudo que meus pais odiavam porque eu era uma criança que vivia alérgica e não podia comer nada mas ela não tava nem aí ela também não podia comer um monte de coisa e comia - se não pode comer a gente vive pra quê? eu consigo entender o lado dela eu consigo visualizar por que ela viveu dessa forma afinal eu entendo que se você não pode viver suas paixões é melhor não viver mesmo e a minha avó quando ela morreu meus pais não me deixaram ir no velório eu fiquei na casa do chefe da minha mãe brincando com os filhos dele todo mundo me olhava como se olha pra alguém que acabou de perder a avó mas eu não tinha muita noção do que significava perder a minha avó até o dia que minhas tias resolveram reformar a casa 167 quando elas começaram a reforma eu percebi que minha avó não ia mais voltar levaram alguns anos eu ficava pensando que eventualmente ela apareceria mas ela não apareceu e hoje é o dia das mães e eu lembrei dela fazendo cachinhos no meu cabelo e me dando leite condensado e pensei que esse tipo de amor esse amor que ultrapassa um pouquinho os limites pelo que é bom na vida esse amor é o amor que vale a pena e hoje nesse dia das mães me deu saudade de você, vó betinha.

 
 
 

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