já é meio manjada essa coisa de querer escrever e não saber o que daí se enfiar numas de chamar de fluxo de consciência o monte de tralha que assola a cabeça de qualquer panaca que se mete a escrever qualquer coisa. porque escrever é uma merda: você enfia o dedo na garganta e ninguém tá nem ai pro que vai sair, mas você sai mendigando atenção dos outros para olharem os restos de você que saíram à força d’um lugar que ninguém queria visitar. e aí começa a falar de coisas babacas e banais como a caixa de papelão cheia de roupas amassadas que fica do lado da cama da garota que te faz agir como uma completa idiota também. começa a escrever sem muito filtro sobre como é um inferno trabalhar tanto e como ninguém aguenta mais a sensação de que a vida não passa. ninguém é muita gente, quem não aguenta é você mesma. e aí pensa que essas reclamações talvez sejam masculinas demais e que a coisa desgraçada de beber demais, fumar demais e quase vomitar com o cheiro de cigarro nos próprios dedos é coisa de escritor fudido. mas aí lembra que você é uma escritora fudida, mesmo, e não tem muito como fugir. já é meio manjada a coisa do escritor fudido, mas, veja só, tão feminista que sou enfiei a porra da igualdade na pior parte possível. e agora sou uma escritora fudida tal qual tantos escritores fudidos que frequentam, sozinhos, bares sujos e pagam pouco por muito álcool pra ver se estabiliza alguma coisa de uma cabeça que nunca pára quieta se não estiver completamente tonta por causa do álcool. bebe demais, fala demais, alto demais. nada de poético ou de bonito em ser fudida. mas, escrevendo babaquices esses dias eu descobri, olha só, nunca quis ser diferente. então foda-se.
por aí
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