existem pelo menos doze mil formas de fazer a mesma coisa que ela fez e ela escolheu a pior. não era a pior possível: aquela considerável, que se entende, que se espera. ela foi na pior: a que nem um bom ser teria coragem, nenhuma boa voz ousaria dizer. dizer porque são as palavras as piores armas que as pessoas têm e que têm as pessoas. temos o poder da palavra. e temos que lidar com a responsabilidade da palavra. invariavelmente. então quando falamos sobre escolher o pior caminho, quando dizemos que foi a pior, quando digo explico falo mostro: não era o caminho: é porque não era. ela usou palavras como nunca cansaço cansada cansativo cansativa. não era pra mim que dizia. por isso sou cética ao dizer que não se fala assim com ninguém. a receptividade da destinatária aparentemente foi melhor que a minha: aguentou cada uma das responsabilidades poderosas da sua interlocutora enquanto se mantinha imersa aos seus próprios pontos de força. sei que estava em seus pontos de força porque o tempo que levou para ela desabar depois que a moça foi embora foi de contados cinco minutos. o que mais me admirou foi que ela continuou lá: diferente do que se imagina, do que se espera, ela não foi pra casa chorar, ela não foi pro colo da mãe, ela não foi ver os amigos, ela não foi embaixo de uma árvore, ela não foi aterrar-se em seus travesseiros, ela ficou parada no posto de gasolina e chorou.
esse é o poder da palavra.
imobilizar.
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