a culpa é da tayná saez

deve-se tomar cuidado ao seguir um conselho. digo isso porque a tayná saez fala pra gente que quando a gente não sabe sobre o que escrever precisa escrever sobre aquilo que a gente se lembra. e é fato que nas últimas semanas eu só consigo lembrar dela segurando a minha mão. fazia tempo que o frio na barriga não me visitava – e parece que chegou dessa vez determinado a ocupar. eu tava até pensando se não deveria logo puxar uma mesa, chamar pra conversa, entender o que ele veio fazer aqui. entender se pretende ficar bastante ou se já já passa. queria saber agora. assim já organizo os próximos passos. se for durar, já coloco de novo pra tocar aquela mesma música sobre pensar em alguém. se for passar, vou escrever as cenas de separação do meu livro e me inspirar na saudade. a verdade é que eu preciso saber o que fazer com o que eu lembro. porque eu lembro de um sorrisinho de canto de boca que parecia me convidar pra algum lugar. eu sempre quero ir. lembro também de como ela fica sem jeito quando eu olho – e eu lembro muito de olhar. não me arrependo de nenhuma vez, porque agora me lembro com detalhes das expressões que ela faz pra suprir as palavras que nem sempre fala. o fato é que eu sempre esqueço tudo e tudo que eu vivi com ela não consigo deixar de lembrar. eu me lembro da primeira vez que tive coragem, me lembro da última vez que tive saudade. o problema é que eu me lembro. não deveria ter seguido o conselho da tayná.